Página inicial > Fandangueiros > João Firmino

João Firmino

sexta-feira 13 de abril de 2012, por Fernando Oliveira

Num sítio de Cananéia que ainda não tinha luz elétrica e onde só se podia caminhar à noite com farol de lamparina, João Firmino teve suas primeiras lições de rabeca, ainda criança: "Aprendi com um homem chamado Ângelo Alves, que era companheiro de pesca do meu pai. Quando eles saíam para pescar, eu pegava o arco e começava a ‘lixar’ a rabeca", lembra. Ele diz que demorou três anos para aprender, porque é um instrumento difícil, requer bom ouvido: "A gente vai cantando e soltando o dedo até acertar a posição. Não tem ponto, a gente faz no pensamento". Ao completar 18 anos, Firmino passou da agricultura para a atividade pesqueira, ofício em que se aposentou. Ele conta que trabalhava no "mar manso", o rio, onde colocava o cerco (tipo de armadilha): "Cai mais peixe no cerco quando dá tempestade, aí o peixe se alvoroça e entra. Se o tempo está firme, ele não liga para entrar".

Firmino é fabricante de rabecas; ainda tem a primeira que fez, há 35 anos. Ele diz que leva mais de um mês para completar o serviço, "cortando na ponta do canivete". Até hoje guarda a madeira (canela-preta) de uma canoa que pertenceu a seu pai, usada para moldar parte do corpo das rabecas. No arco ele coloca uma linha de pesca 0,25. Em geral, o que caracteriza o fandango caiçara é a produção artesanal dos instrumentos. A madeira mais utilizada é a caixeta (Tabebuia cassinoides), da qual se fabricam a viola, a rabeca, o aro do adufe, os tamancos, enfim, é uma espécie de matéria-prima símbolo da brincadeira.

Entre 2007 e 2008, participou da ação "Griô/MinC" como "Mestre de Tradição Oral" juntamente com Seu Hugo Emiliano e Rodolfo Vidal (Aprendiz).

Em 2013, foi agraciado com o "Prêmio Culturas Populares" do Ministério da Cultura.

Fonte: www.sescsp.org.br acesso feito em 25 de março de 2013