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quinta-feira 25 de outubro de 2012, por
O Grupo "Esperança" nasceu oficialmente em fevereiro de 2003, em um encontro de fandango realizado na Ilha do Cardoso. Antes desta data, o grupo se reunia eventualmente a pedido de escolas e tinha outra formação.“Existia, não era bem dizer um grupo, que eles de vez em quando se reuniam quando as professoras pediam, das escolas. Seu Hugo era uma das pessoas principais e fundamentais que ele é que reunia alguns dos tocadores para irem tocar lá. Aí depois, quando eu entrei, esse trabalho passou para mim.” (Beto).
“A primeira parte, quem fez foi eu, Seu Ângelo Ramos na rabeca, Seu João Benedito na viola, Laudemiro tocava cavaquinho. Tinha pandeiro também. Acho que era Dirceu. Apresentava para as escolas que vinham e tal. Era só quando era chamado assim. Então, a gente juntava.” (Hugo)
A partir do encontro no Cardoso, o violeiro Beto entrou no grupo e assumiu a coordenação. “Esse grupo aqui aconteceu. Eu saí de casa, passei em frente à casa do João Toca da Onça, tava Seu Hugo, Seu João Toca da Onça, Seu João Firmino. Nisso ia acontecer uma oficina de fandango no Cardoso e eles queriam ir e não tinha uma pessoa para tocar com o Seu Hugo. E naquele exato momento tinha um cidadão chamado Limonada, que fez questão que eu fosse. Nós nunca tínhamos tocado viola juntos, aí, como tinha essa oficina lá, nós fomos (...).
Aí quando cheguei na Ilha do Cardoso, cheguei lá, só peguei na viola, tocamos e cantamos. Dali nasceu o grupo. Que eu sempre digo que esse grupo foi gerado aqui em Cananéia e nasceu na Ilha do Cardoso.” (Beto)
Além de Beto (viola e voz), integram o grupo Caiçara Cananéia, Hugo Emiliano de Almeida (viola, voz e cavaquinho), João Firmino Dias (rabeca), Romildo Gomes Calazans (pandeiro) e Jorge Luís de Oliveira Barbosa (timba). O repertório do Caiçara Cananéia envolve, além de modas tradicionais, composições de Paulinho Pereira – primo de Beto e violeiro do grupo Violas de Ouro, de São Paulo Bagre – e de Armando Teixeira. O grupo se apresenta com freqüência no município, em festas e para grupos de turistas. Já se apresentou também no SESC Pompéia, na capital paulista, no Salão de Turismo de São Paulo e no município de Registro. Em 2006, por meio da parceria com o IPeC – Instituto de Pesquisa Cananéia, o grupo Caiçara Cananéia lançou o CD “Ajuntório”.
Na opinião do grupo, uma ação fundamental para a continuidade do fandango em Cananéia é a organização de uma casa de cultura. “Hoje a coisa principal, no meu entendimento, seria a casa da cultura. Fazer a casa da cultura e ter uma sala bem especial para mostrar para essa juventude que está o que é uma rabeca, a construção de uma rabeca, o que é a construção de uma viola. E também ter o privilégio de ir lá na casa do artesão, pegar ele, alguém que tenha uma filmadora, para mostrar a dignidade e a sabedoria daquele homem e a dificuldade também de ir no mato tirar madeira pra viola e para a rabeca. Esse é um sonho que eu tinha vontade de realizar antes de morrer. (...) Se não tiver alguém que se interesse e faça... Porque, às vezes, a gente se sente na necessidade de mostrar, como antes estávamos mostrando para os alunos lá. Então, eles pegam na viola, eles acham que é um negócio pesado, quando pegam assim se assusta, vê essa rabeca do seu João se assusta, que diz que foi feito com canivete. Então, é um negócio de muita ciência, para poder dar certo, construído por um homem.” (Beto)
Hugo Emiliano de Almeida nasceu em 1938, no Taquari, em Cananéia, onde morou até os quarenta anos de idade. É filho de Emídio Ambrósio de Almeida e Francelina Alves de Almeida. Trabalhou como lavrador e carregador até se aposentar.
“Eu tinha um irmão [João de Almeida] que tocava viola também, aí nós dois que começamos a tocar, depois que eu aprendi e ele também aprendeu. Eu sempre tocava com ele. Nós tocávamos em fandango, essas coisas, mutirão. Se juntava lá e tocava eu com ele naquele tempo. E os Alves que tocavam, os mais velhos, aprendemos com eles. Quem tocava lá era o Alexandre Alves, naquele tempo, João Alves também. Eu sei que era uma turma grande que tocava. Tinha os Amaro, também, com o José Amaro – o Henrique Amaro é filho do José Amaro – Pedro Amaro, o Gregório, esse pessoal... Eles estão no Taquari ainda.” (Hugo)
João Firmino Dias nasceu em Cananéia, em 1941, filho de Hermínio Dias dos Reis e Emília Cunha das Neves. É pescador aposentado. A rabeca foi o primeiro instrumento que aprendeu, aos doze anos. Hoje toca em uma rabeca feita por ele mesmo. Seu João Firmino também toca cavaquinho, viola e violão. É também professor de rabeca do projeto “Resgatando o Fandango”, realizado pela associação Rede Cananéia, onde, segundo ele, ensina do mesmo modo que aprendeu.
“Foi um homem chamado Ângelo Alves. Ele pescava com meu pai e tocava rabeca e eu fui guardando aquilo na cabeça. Mas demorei para aprender, não é um instrumento fácil não. Quando eu fui ter gosto mesmo em tocar, eu tava com uns vinte anos. Demora. Ele tocava bem rabeca, mas ele mesmo falava pra mim que ele me ensinou a tocar rabeca e, depois de um tempo, eu já ensinava pra ele. Ele cansava de falar para nós. E ele era o melhor tocador de rabeca lá de Taquari.” (João Firmino) Romildo Gomes Calazans, pandeirista do grupo, nasceu no município de Pariquera-Açu, vizinho de Cananéia, em 1983. É filho de Manuel Calazans e Maria Eucarina Gomes. Trabalha como pintor, pedreiro e auxiliar de servente.
Jorge Luis de Oliveira Barbosa nasceu em Guaraqueçaba no ano de 1966. Filho de José Barbosa e de Ruth de Oliveira Barbosa. É pescador e, no grupo, toca timba.
Fonte: Museu Vivo do Fandango