Mutirão colheita de arroz na Comunidade do Varadouro

Mutirão de colheita de arroz no Varadouro - SP

No fim de semana do dia 14 e 15 de abril aconteceu na comunidade do Varadouro em Cananéia, o mutirão de colheita de arroz. O mutirão é quando o dono (a) do sítio ou da roça convida um grupo de pessoas com a finalidade de todos juntos (voluntáriamente) trabalharem em uma determinada atividade caiçara, seja ela para fazer derrubada da mata, roçada, plantio, colheita, varação de canoa, etc, e a noite tem o fandango que é uma festa com música e dança de confraternização e agradecimento às pessoas que ajudaram a fazer todo o mutirão.

No caso desse fim de semana o seu Luiz Camilo, o dono da roça, convidou seus amigos e vizinhos para fazer uma colheita de arroz (também convidou nós aqui do ponto de cultura caiçaras) pra fazermos o registro audiovisual desse acontecimento que era feito com muita frequencia a um tempo atráz e hoje em dia é bem raro fazer por conta das leis ambientais que bate muito de frente com os moradores tradicionais os impedindo de caçar, pescar e desmatar pra fazer sua horta e/ou sua roça.

Saímos aqui de Cananéia no sábado às 9h e meia da manhã, passamos na comunidade do Ariri pra pegar mais algumas pessoas para ajudar no mutirão, enquanto isso no sítio eles já tinham tomado o café e ido pra roça pra começar o trabalho de colheita. Nós chegamos no porto Varadouro, mas pra chegar até a casa do seu Luiz tem que andar em um caminho mais ou manos 50 minutos a 1 hora a pé, é um trajeto fácil mas bem longo, enfim, chegamos bem na hora que ia começar o almoço, já estavam todos por ali esperando só a hora de servir, e nesse meio tempo eles ficam fazendo brincadeiras um com os outros, tirando sarro, e então é servido o almoço que continha arroz e feijão dali mesmo do sítio, abóbora cozida, frango cozido, farinha de mandioca e suco de limão, depois de algum tempo de descanso fomos todos juntos pra registrar e fazer a parte da tarde do multirão. Já na roça debaixo de um calor muito forte e o solo todo enxarcado todos colhiam ramo por ramo do arroz, segundo o seu Luiz a não estava muito boa porque a queimada não foi muito bem feita, ou seja, antes de plantar eles queimam o mato que está na propriedade da roça pra fertilizar o solo e também pra não nascer arbustos entre a plantação de arroz, alguns lugares que não foi queimado nasceu o arroz e arbustos tuodos juntos, e isso prejudicou um pouco a colheita, tinha troncos de árvores caídos no meio da plantação, muito capim, mas isso não desanimou as pessoas que estavam ali disposto a ajudar seu amigo. Um número maior de pessoas iam colhendo, outras só passando com o saco e recolhendo o arroz e algumas vezes mulheres passavam distribuindo água para e cachassa para quem quisesse beber. Por fim essa colheita terminou no fim do dia com 10 sacos cada um com uns 30kg mais ou menos. Cada homem trazia um saco, os mais fortes traziam 2 e iam estocando num espaço preparado para isso, como se fosse um pequeno armazém. Pronto acabou a colheita e começou o café da tarde, muito bem vindo naquele momento já que todos estavam cansados e famintos. Um dos momentos mais esperado também é o fandango, um momento de festa, de diversão, onde eles iam beber e dançar até o dia amanhecer, como de fato foi. O fandango começa mais ou menos umas 8h, ali mesmo na casa do seu Luiz, só um pouco mais tarde, depois que parou a chuva e a trovoada é que nós fomos para o salão, e ai sim o pessoal dança até dar fome de novo e a janta é servida meia noite, assim as pessoas comem reforçam as energias e retornam a dançar até o dia amanhecer (esse fandango foi até 6h e meia da manhã). E também não pode faltar no fandango a cachassa para dar um ânimo a mais nas pessoas, os tocadores eram os que mais bebiam, pois tinha que estar com a garganta bem afiada para animar a festa.

No domingo pela manhã muitas das pessoas sem dormir por que passaram a noite toda dançando fanfango e meio embriagados pela quantidade de cachassa que tomaram. Logo às 7h da manhã foi servido o café (café, cuscuz de arroz e cuscuz de farinha de mandioca), depois do café algumas pessoas foram dormir, outras foram tomar banho no rio para tirar a ressaca e o sono, alguns ainda ficaram por ali mesmo na casa do seu Luiz bebendo cachaça, tocando viola, até chegar novamente o almoço, e que por sua vez foi servido as 11h (arroz e feijão dali mesmo do sítio, abóbora cozida, galo caipira, farinha de mandioca e suco de limão). Em seguida teve a domingueira que é um fandango que se faz aos domingos e começa por volta das 14h vai até meia noite ou até mesmo vara noite à dentro. A nossa domingueira durou pouco mais de 1h, e no fim seu Luiz Camilo agradeceu a todos que participaram de várias formas para que acontecesse o seu mutirão e também convidando para a festa do padroeiro São Marcos na comunidade que vai acontecer nos dias 27, 28 e 29 de abril e após isso todos partiram cada um para sua casa.